Olá, famílias e profissionais...

Esse blog é destinado as famílias, profissionais e interessados pela temática, que atuam na educação de suas crianças com necessidades educacionais especiais (NEEs). Espero poder ajudá-los nessa caminhada de educação e inclusão social.
Devemos, portanto, tratar os nossos alunos com NEEs como pessoas e educá-los para a vida (CUCCOVIA, 2000).

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Dilema profissional: atendimento especial ou escola regular?

Acompanhei uma criança, por aproximadamente 3 meses, numa escola regular. Vou contar brevemente como ela era e como estava na escola, para isso darei um nome fictício (Mônica). 
Mônica tinha 8 anos, e aos 2 anos e meio teve uma febre e dessa febre ocasionou uma encefalite (inflamações agudas no cérebro). Isso comprometeu sua coordenação motora fina e grossa, linguagem e comunicação, cognitivo...Ela era muito dependente para atividades da vida diária (se vestir, escovar os dentes, lavar as mãos...). Para andar tinha pouco equilíbrio e ainda usava fraldas. Na alimentação notava dificuldades para aceitar alimentos sólidos. Gostava de levar objetos à boca. Por vezes, tinha crises de ausência e convulsões. 

Na escola, estava numa turma de 1º ano, do Ensino Fundamental, mas não havia ninguém que fizesse algo que deveria ser trabalhado visto a suas necessidades. Na sala de aula, ficava deitada num colchão no chão e a professora assim que ela chegava já a colocava nesse colchão e, assim, ela ficava o período todo que estava na escola. Havia poucos momentos de interação com as outras crianças, mas a professora até que estimulava, as vezes. A criança não acompanhava a turma nas atividades apenas nas atividades de pintura e quando a professora estava "de bem com a vida".

Quando comecei a fazer o acompanhamento pedagógico com Mônica realizei atividades em sala de aula utilizando jogos, massinha, pintura, lápis grosso...No início, ela parecia muito ausente em algumas atividades, mas nas atividades com jogos, apesar das dificuldades, ela parecia estar mais presente e parecia gostar dos jogos propostos, pois depois de inúmeras tentativas de fazer algumas ações necessárias, acabava conseguindo. Trabalhei, também, com treino do banheiro e a escovação. No treino do banheiro aproveitava para trabalhar, também, o subir e o abaixar a calça. Foi quando ela passou a ter iniciativa para levantar a calça, mas parecia não ter forças nas mãos para puxá-la. Mas, só em ter essa iniciativa, para mim, foi um ganho! Então, ela foi tendo poucos e grandes avanços, pois para uma criança que ficava deitada no chão e passou a sentar-se na mesa, fazer algumas atividades e consegui tirar um pouco aquela "ausência" que ela tinha no olhar através dos jogos...Foi muito gratificante! Mas, ela mudou de escola e pediu para que eu a acompanhasse em uma outra, no entanto, mais distante. Então, a mãe dela me perguntou: "Mariana, ela poderia ficar só com você e não ir a escola?" Ela disse que observou resultados positivos quando Mônica estava comigo. Diante dessa pergunta e de tudo que a criança viveu na escola até meu encontro com ela já no fim do ano e pensando na sua futura escola que conheço e parece ter dificuldades em lidar com ela...Respirei...E tive que dizer que era importante estar na escola por causa da "tão famosa" socialização, pois sabia que a escola não iria suprir suas necessidades. Falo assim porque acho que a escola tem outros papéis além de socializar, mas isso gera uma outra discussão. Essa pergunta da mãe me fez repensar as questões da inclusão. 

Sou a favor da VERDADEIRA inclusão escolar em que a criança com necessidades educacionais especiais é protagonista e, assim, é trabalhada de forma integral. Mas, sou contra a criança ser só mais um aluno "invisível" para a comunidade escolar.

Bem, a questão é: será que a escola atenderia as necessidades e habilidades dessa criança? Ou seria melhor um atendimento especial que fosse além do socializar e que trabalhasse a criança de forma integral e visando a uma maior autonomia e, consequentemente, numa melhor qualidade de vida?

Espero contar com a opinião de vocês pais, profissioanis e interessados pela inclusão escolar e social.

2 comentários:

  1. Que lindo Mariana! Amei seu blog! Tive duas crianças autistas em sala de aula ano passado. Achava muiiito dificil o trabalho com elas, eu não acreditava que pudesse haver desenvolvimento de nada naquelas crianças! Para minha surpresa e felicidade pude ver que um trabalho pedagógico sério, faz a diferença! Uma das crianças aprendeu a ler e a outra passou a interagir mais com o grupo!!! Claro que tudo dentro de suas limitações!
    Gostei demais do trabalho com essas crianças.
    Abrs e sucesso!

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  2. Obrigada, Charlene! Ainda estou aprendendo a mexer no blog..hehe Que bom que teve essa experiência e melhor ainda ter contado isso pra gente..Coloca no seu blog(que também é lindooo..)! Acho que as pessoas precisam saber que é possível fazer a inclusão dessas crianças e, assim, desmistificar algumas concepções que alguns profissionais têm sobre os alunos autistas. Bj e sucesso, também! :)

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