A Dieta da Sem Glúten e Sem Caseína (SGSC) é o primeiro passo quando se inicia a intervenção nutricional no autismo e outros transtornos globais do desenvolvimento. Essa dieta exige a retirada de todos os alimentos contendo glúten e caseína da alimentação de seu filho. O glúten é uma proteína encontrada no trigo, centeio, cevada e aveia; sendo encontrado no pão, biscoitos, massas, cereais, produtos de panificação, e muitos outros alimentos, também por contaminação industrial. A caseína é a proteína encontrada no leite, o qual é utilizado em produtos lácteos, integral e desnatado, como os queijos, nata, manteiga, sorvete, iogurte, requeijão, creme de leite, leite em pó usado como aditivos em alimentos, e muitos outros.
Quando ingeridos por crianças com comprometimento do trato digestivo, como muitas crianças dentro do Espectro Autista, as proteínas do glúten e caseína podem causar inflamação no intestino, dor e problemas digestivos. Quando a proteína não é devidamente quebrada durante a digestão, ela pode formar opióides (compostos semelhantes ao ópio e à morfina). Estudiosos acreditam que os opióides do glúten (gluteomorfina) e da caseína (caseomorfina) são problemáticos para as crianças com autismo, sendo responsáveis por muitos de seus sintomas.
A digestão insuficiente do glúten e da caseína pode levar a problemas digestivos, como diarréia, constipação, gases, inchaço, assim como entorpecimento mental, desatenção e insensibilidade à dor para muitas crianças com autismo. Estudos realizados com milhares de pais em todo o mundo indicam que os sintomas físicos e comportamentos associados ao autismo reduzem com uma dieta SGSC. Um período experimental de restrição ao glúten e a caseína por pelo menos 6(seis) meses é recomendado para indivíduos com autismo, déficit de atenção, hiperatividade, dislexia, Síndrome de Down, S. de Asperger, epilepsia, assim como asma, alergias e outros.
Primeiro deve-se remover toda a caseína da dieta, seguido da eliminação total do glúten, substituindo os alimentos habituais por similares SGSC. A maioria dos alimentos que contém as proteínas ofensivas do glúten e da caseína é fácil de identificar. No entanto, algumas preparações podem “esconde-los”, ou conter traços por contaminação durante a produção. É importante verificar todos os ingredientes e seguir rigorosamente a dieta, pois infrações podem inibir ou mascarar o progresso.
É bastante freqüente a substituição inicial do glúten e caseína pelos derivados da soja (leite de soja, farinha de soja...). Porém, muitas crianças são hipersensíveis a sua proteína, levando à inflamação. Além disso, estudos indicam um possível efeito opióide das proteínas mal digeridas da soja em crianças com autismo. Então, é prudente eliminar toda a soja da dieta, juntamente com o glúten e a caseína.
Ao iniciar a dieta SGSC devemos ter cuidado com a introdução de muitos alimentos SGSC de baixa qualidade nutricional, ricos em açúcares, gordura trans e aditivos químicos, como biscoitos, doces e chips. Mesmo não contendo glúten ou caseína, os açúcares podem alimentar os fungos do intestino e causar um grande desequilíbrio no organismo. Lembre-se, a dieta é mais do que apenas a remoção de alimentos ofensivos. Devemos garantir a ingestão de alimentos saudáveis e nutritivos para um desenvolvimento adequado. Evite oferecer ao seu filho balas, chocolates, refrigerantes, embutidos, temperos prontos e produtos industrializados contendo corantes, flavorizantes e conservantes.
Freqüentemente se percebe melhora em muitos dos sintomas de autismo durante a implementação da dieta SGSC. Em algumas crianças observamos a melhora de dermatites e eczemas, em outras, a melhora no comportamento, concentração, capacidade cognitiva, contato visual, problemas gastrointestinais, fala e muito mais. Cada um é diferente e responde de maneira individual ao tratamento. Procure se informar mais sobre o assunto em livros, site sobre autismo, com seu médico e nutricionista, experimente receitas e use a criatividade para encontrar o que mais se adapta às necessidades e preferências de seu filho e de toda a família.
Texto elaborado pela nutricionista
Maria Rosa Etcheverry C. Rodrigues
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